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segunda-feira, 12 de março de 2012

Hospital estuda câncer em bichos de zoo Convênio AC Camargo e Zoo de SP

Parceria entre zoológico de SP e o A.C. Camargo vai montar banco de dados sobre a doença em animais silvestres, Ideia é entender melhor a moléstia; espécimes do zoo vivem mais e, por isso, podem ter mais casos do problema

 

SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO

Depois de décadas figurando entre as principais atrações do zoológico de São Paulo, a hipopótama Teteia foi um dos motivos que trouxeram um grupo de cientistas que estudam o câncer ao zoo.

 

Teteia morreu no ano passado, vítima de insuficiência renal ao 53 anos -mais velha que o próprio Zoo, que tinha 52. Os hipopótamos livres vivem, em média, 35 anos. Em cativeiro, chegam aos 45.

 

Como todos os animais que morrem no zoo, Teteia foi submetida a necropsia. Como esse procedimento em um hipopótamo não é corriqueiro, pesquisadores de várias instituições o acompanharam.

 

A surpresa veio à tona quando os cientistas viram que Teteia tinha um tipo raro e agressivo de câncer: um sarcoma de tecidos moles (como músculos), com metástase no pulmão e no coração.

"Não relatos na literatura veterinária sobre câncer em hipopótamos", explica João Batista da Cruz, diretor-científico do zoo.

 

O achado em Teteia foi decisivo para uma parceria que já estava sendo discutida entre o Hospital A.C.Camargo e o zoológico de São Paulo.

 

O hospital está montando um banco de células saudáveis e cancerosas de animais silvestres. A ideia é estudá-las para compreender melhor a doença nos bichos e o câncer de maneira geral.

 

"É motivador ter a oportunidade de estudar o câncer em modelos animais", afirma o patologista Fernando Soares, do A.C.Camargo.

 

"Entender o câncer nos bichos pode nos ajudar a compreender a doença também nos humanos", completa. Um animal que desenvolva câncer de fígado mesmo sem beber álcool ou ter hepatite, principais fatores de risco em pessoas, daria pistas sobre fatores genéticos da doença.

 

Inicialmente, o banco ficará no hospital, que já conta com um depósito de células humanas. Contudo, a ideia é que o zoo ganhe algo similar.

 

O zoo de São Paulo tem hoje mais de 3.000 animais de várias espécies, que vivem mais do que os bichos soltos porque estão sob cuidados. Isso aumenta a incidência do câncer nos bichos, pois a doença está associada à idade.

 

"Mas o câncer dos animais livres é mais difícil de ser estudado. Esses bichos ficam fracos e acabam sendo predados", diz Paulo Bressan, diretor-presidente do zoo.

Assim como Teteia, o parque já teve outros casos de animais com câncer, como um tamanduá-bandeira com câncer hepático, um tigre com neoplasia na boca e uma cobra com tumor de ovário.

 

"Esse último é quase igual ao de um humano. Dá para confundi-los", ressalta Soares, do A.C. Camargo.

 

Para Bressan, entender a doença nos bichos do zoo é importante para a preservação das espécies -inclusive dos animais livres.

  

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